O vestibular da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará) não
seleciona diretamente para as graduações que oferece. O sistema inclui,
pelo menos, seis meses de matérias interdisciplinares para que o calouro
se classifique para o instituto desejado. A escolha do curso demora
outros seis meses, no mínimo.
Mesmo já nos bancos do ensino superior, o clima nas aulas dos primeiro anistas é de competição. Os estudantes ouvidos pelo UOL
relatam que uma das principais consequências é que não há sentimento de
grupo. Alguns alunos se recusam a fazer trabalhos em grupo, não
repassam mensagens de professores e chegam a rasgar a lista de
frequência. O objetivo é prejudicar seus colegas-concorrentes.
Aluno-bolha
Sem possibilidades de que todos os estudantes que entram em busca de
uma vaga nos cursos mais disputados consigam seu lugar, o sistema cria o
que é conhecido por “aluno-bolha”. Esse é o nome dado aos estudantes
que não conseguem vaga no instituto ou no curso que desejam e decidem
fazer novamente o CFI (Ciclo Fundamental Interdisciplinar) ou se
candidatam a transferências internas na universidade.
Curso sem nenhum aluno
Outra reclamação recorrente é a criação de cursos novos,
interdisciplinares, porém que, segundo os professores, não tinham
Projeto Pedagógico de Curso prévio que esclarecesse o que são e qual
profissional será formado por ele. A universidade oferece cursos como o
bacharelado interdisciplinar em biotecnologia ou o bacharelado
interdisciplinar em ciências agrárias, que dá acesso aos cursos de
agronomia e engenharia florestal.
“Ainda não sabemos se esses cursos serão reconhecidos pelo MEC ou se o
de engenharia, por exemplo, será aceito pelo CREA [Comissão Regional de
Engenharia e Agronomia]”, preocupa-se Hudson Melo, aluno e membro do DCE
(Diretório Central dos Estudantes).
As licenciaturas são um capítulo à parte na discussão. O modelo de
licenciatura integrada em matemática e física, em biologia e química ou
em história e geografia é questionado por professores do programa. Na
avaliação de alguns deles, a licenciatura em duas disciplinas não
garantiria tempo para uma formação razoável em nenhuma das duas áreas.
Sem Plano Pedagógico de Curso pronto, os alunos da licenciatura
integrada de história e geografia, por exemplo, não sabem quais são as
disciplinas que deverão cumprir até o término do curso. A cada semestre,
os docentes se reúnem para debater o que deverá constar no quadro de
aulas do próximo período letivo.
A validade do diploma é também questão importante. “O aluno sairá sem
uma licenciatura plena. Esse diploma será aceito em um concurso depois?
Não temos como responder. Tem alunos que, na dúvida, estão indo para
universidades privadas da região”, afirma o professor Aguinaldo
Rodrigues Gomes.
Fonte: vestibular.uol.com.br
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