Uma equipe de especialistas em informática liderada por um professor da
Universidade de Brasília (UnB) conseguiu quebrar ontem (21/3) o
embaralhamento de votos que é feito dentro das urnas eletrônicas
brasileiras – mostrando na prática que a máquina de votar em uso no país
não garante o sigilo do voto, cláusula pétrea prevista no Artigo 14 da
Constituição. A equipe coordenada pelo professor Diego de Freitas
Aranha conseguiu montar a sequência exata de votos dados por 485
eleitores simulados no decorrer da 2ª. edição dos Testes Públicos de
Segurança do Sistema Eletrônico de Votação Brasileiro promovidos pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em sua sede, em Brasília, iniciados
no último dia 20 e que terminam hoje (22/3).
O episódio foi testemunhado pela observadora do PDT junto ao TSE para
acompanhar os testes, Dra. Maria Aparecida Cortiz, que também assistiu
a entrevista que o professor Diogo Aranha deu à TV Unb – anunciando o
sucesso de sua equipe em quebrar a segurança da urna. Segundo Maria
Cortiz, basta alguém, mesário ou um fiscal de partido por exemplo,
anotar os nomes dos eleitores pela ordem de votação nas secções, no dia
da eleição, para o sigilo do voto ser completamente quebrado.
“Esta possibilidade é grave porque o voto, além de universal, precisa ser secreto – isto é a base do sistema democrático”, argumentou a advogada, acrescentando ainda que o fato em si prova, de forma definitiva, que as críticas dos partidos políticos à fragilidade do sistema eleitoral brasileiro, como um todo, procedem.
Ela acrescentou:
“Os investigadores só tiveram acesso a uma parte do sistema,
exatamente a máquina onde são depositados os votos, e conseguiram
descobrir a ordem de entrada dos votos na máquina, o que permite saber
quem votou em quem. Só que as fragilidades vão além – estão também no
cadastro eleitoral, onde a existência de eleitores fantasmas é fato
comprovado; e também na totalização – já que esta é fechada à
fiscalização, sem acesso de ninguém.”