terça-feira, 4 de outubro de 2011

Indígenas na Bolívia fazem presidente suspender a obra de TIPNIS


O presidente da Bolívia, Evo Morales, suspendeu o projeto de construção da rodovia que cortaria uma reserva ecológica na Amazônia boliviana, até que as partes envolvidas sejam consultadas, informou na noite desta segunda-feira (26) a Casa de Governo.
"Enquanto houver este debate nacional e para que os departamentos decidam, fica suspenso o projeto de rodovia sobre o Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure", destacou o presidente. A revolta popular dominou várias regiões da Bolívia nesta segunda, e mais de vinte associações civis, sindicais e políticas condenaram a forte repressão aos protestos dos índios no último domingo. Em oposição à medida do governo, a ministra da Defesa deixou o cargo.

A estrada em questão é parte da rodovia que unirá os oceanos Pacífico e Atlântico e promoverá o comércio na América do Sul. O projeto é financiado pelo Brasil, com custo total de US$ 415 milhões.
Morales não revelou quando e como ocorrerá a consulta, mas funcionários do governo já tinham avaliado que tal processo exigirá de seis meses a um ano. O presidente negou ter instruído a repressão, repudiou a 'violência excessiva e abusiva' sofrida pelos manifestantes indígenas e anunciou uma investigação internacional sobre o caso.
bolivia protesto (Foto: Reuters)



"Quero salvar um compromisso diante da história e do povo boliviano, especialmente diante dos departamentos (de Beni e Pando), para que haja um debate nacional, um debate do povo boliviano, que decidirá". "Que seja o povo a decidir, especialmente nos dois departamentos, o que o governo nacional já decidiu apenas cumprindo as leis e atendendo aos pedidos", destacou Morales.
A Embaixada do Brasil em La Paz, por meio de um comunicado, reafirmou o financiamento do governo brasileiro para o projeto rodoviário. "O governo brasileiro confirma a sua disposição de cooperar com a Bolívia para que esta obra se desenvolva no entendimento de que se trata de um projeto de grande importância para a integração nacional da Bolívia", disse a nota.
Protestos
A polícia libertou nesta segunda os 300 indígenas detidos em Rurrenabaque, na Amazônia boliviana, na véspera durante uma ação repressiva que gerou indignação e provocou a renúncia da ministra da Defesa, Cecilia Chacón.
Em Rurrenabaque, 320 km ao norte de La Paz, a população tomou o aeroporto local e bloqueou a pista de pouso, para evitar que os indígenas detidos fossem levados de volta, contra sua vontade, a suas regiões de origem, informou o prefeito local, Yerko Núñez.
No domingo, a polícia boliviana dispersou com violência o grupo de indígenas que seguia em direção a La Paz para rejeitar a construção da estrada que atravessa o Parque Nacional Isiboro Sécure.
A operação ocorreu em Yucumo, onde os indígenas foram retirados de suas barracas e, colocados à força em ônibus que seguiram para San Borja.
Mas dezenas de indígenas conseguiram escapar dos policiais e nesta segunda-feira voltaram à estrada, com o apoio da população de San Borja, em meio à crescente tensão e ao repúdio à violência policial.

Fonte: g1.com

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