quinta-feira, 21 de julho de 2011

Posição dos movimentos sociais do sudeste do Pará sobre a criação do Estado de Carajás

Para toda tomada de decisão política se deve levar em consideração sobre em que conjuntura estamos vivendo, afim de que os resultados não sejam desfavoráveis para o conjunto da sociedade e possa vir a beneficiar apenas uma pequena parcela de oportunistas, como ocorreu com a criação do Estado do Tocantins, apropriado pela família Siqueira.

Nós acreditamos que a criação do Estado de Carajás neste momento só vai favorecer um pequeno grupo de políticos ultrapassados, ultraconservadores, reacionários, empresários dos mais diversos mais diversos segmentos e latifundiários, enquanto os trabalhadores do campo e da cidade continuarão subalternados, submetidos à produção de riquezas sem delas usufruir.

As riquezas, nestas região, ainda são produzidas a base da apropriação e exploração dos bens naturais (solo, subsolo, floresta e água), através do tráfico, da especulação, da sonegação de impostos, da exploração intensiva da força de trabalho, do trabalho escravo, da especulação, dos desvios dos recurso públicos, e do uso da opressão e assassinatos de trabalhadores. Foram mais de 600 trabalhadores assassinados nos últimos 30 anos.

Os argumentos levantados pelos oportunistas de plantão, de que o problema é que tudo vai para Belém, que o centro do governo está distante da região, de que a região está abandonada, e que com a riqueza que tem no sul e sudeste do Pará o povo vai melhorar de vida, não se sustentam.

Muito pouco vai mudar, porque vivemos num país federalizado onde as políticas são definidas no planalto central, pelos blocos, como no carnaval: o bloco dos evangélicos, o bloco dos latifundiários, o bloco dos industriais , o bloco dos banqueiros, o bloco da mineração, e o bloco que unifica, o do fisiologismo e da corrupção.

Se o centro do governo está distante da região e a mesma está abandonada, então o que fazem os deputados além de aumentar seus patrimônios? Como que o povo vai melhorar de vida se a renda continuará concentrada na mãos de poucos? Como vai melhorar a saúde e educação se a situação é nacional e não apenas paraense?

Para se chegar ao estágio de criação do Estado de Carajás, com menos desigualdades, os trabalhadores precisam desenvolver muitas lutas, para destruir os latifúndios e democratizar o acesso à terra, precisam tirar da Vale o poder que ela tem sobre a região, e imprimir uma outra lógica para a exploração mineral, que seja para fins de geração de bem-estar à população e não apenas de interesse comercial.

Hoje quem se beneficia com a exploração mineral feita pela Vale são seus executivos, os acionistas proprietários das ações preferenciais, aquelas que dão direito a participação no lucro da empresa, e grupos locais diretamente envolvidos em atividades econômicas necessárias para os projetas da empresa.

Precisamos lutar por uma reforma política que garanta aos cidadãos e cidadãs instrumentos capazes de evitar que os recursos públicos sejam apropriados indevidamente pelos gestores e seus chegados, como vem ocorrendo atualmente, sem que a sociedade participe dos benefícios.

E por fim temos que entrar na discussão entendendo que o interesse pela criação do Estado de Carajás se trata de interesse de classe, e que a classe trabalhadora não pode aceitar criar o Estado na atual conjuntura, porque será um Estado novo dirigido pelas velhas raposas.

Por isto nós dizemos NÃO à criação do Estado de Carajás, e convidamos a todos(as) aqueles e aquelas que acreditam que a construção de um novo mundo seja possível, a também dizer NÃO.

Marabá-Pa, 07  de junho de 2011


CAFAR - Coletivo Amazônia de formação e Ação Revolucionária / FEAB - Federação 
de Estudantes de Agronomia do Brasil / Movimento Debate e Ação / 
CEPASP - Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular.

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