quarta-feira, 30 de março de 2011

Seca de 2010 deixou a Floresta Amazônica menos verde

A seca que atingiu a Amazônia no ano passado deixou a floresta menos verde. Análise de dados de satélites da Nasa revelou que a estiagem severa de 2010 reduziu o viço de cerca de 2,5 milhões de quilômetros quadrados da vegetação, uma área quatro vezes maior que a registrada na seca anterior, em 2005, e equivalente a quase à metade de toda a Floresta Amazônica.


- Devido à seca do ano passado, a mais intensa da História, houve uma perda da capacidade fotossintética da floresta, o que significa a perda de folhas, a da clorofila presente nas folhas ou a soma das duas - diz Marcos Heil Costa, professor de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa e um dos autores do estudo, que será publicado no "Geophysical Research Letters", periódico da União Americana de Geofísica.


Segundo Costa, a piora na saúde da floresta vai acarretar um aumento acentuado da mortalidade de árvores neste e no próximo ano, com consequências diretas sobre o ciclo global do carbono que ela ajuda a regular. As árvores mortas não só deixam de realizar a fotossíntese, em que absorvem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, como sua decomposição libera o carbono que haviam capturado ao longo de seu crescimento, agravando ainda mais o problema do aquecimento global.


- Isso pode afetar a concentração atmosférica de CO2 este ano e no ano que vem - conta Costa. - A seca é um evento de alcance longo, que afeta a capacidade de fotossíntese da floresta, seu crescimento e também a captura de carbono que ela faz, que têm uma influência muito grande no ciclo global do carbono.


No mês passado, artigo publicado na revista "Science" mostrou que a seca já transformou a Amazônia em uma grande fonte emissora de carbono. De acordo com os cálculos dos pesquisadores das universidades britânicas de Leeds e Sheffield e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a morte de árvores fará com que ela absorva menos do que os 1,5 bilhão de toneladas de CO2 anuais que costuma retirar da atmosfera, enquanto o apodrecimento das plantas deverá lançar outros 5 bilhões de toneladas no ar nos próximos anos, ou quase o total das emissões anuais dos Estados Unidos, um dos países mais poluidores do mundo.


O pesquisador, no entanto, não acredita que a seca terá consequências sobre a biodiversidade da Amazônia, com a extinção de espécies de plantas e animais. Segundo ele, também não deverá haver um efeito acumulativo das estiagens severas de 2005 e 2010, mesmo elas tendo sido registradas tão próximas uma da outra. No ano passado, o nível da água do Rio Negro no Porto de Manaus atingiu o ponto mais baixo em 109 anos de medições, enquanto que em 2005 ele foi o oitavo nível mais baixo da série.


- De qualquer forma, é preocupante observar dois eventos tão intensos em um período tão curto de tempo - considera Costa. - Para a floresta virar uma savana, eventos como estes teriam que ser ainda mais frequentes, não a cada cinco anos, mas a cada dois ou três anos, não dando tempo para a floresta se recuperar.

Fonte: O Globo

Estudantes manifestam-se contra barragem de Belo Monte à chegada de Dilma e Lula da Silva

"Em defesa da Amazónia - Dilma pare a barragem do Belo Monte" era o que se lia numa faixa que empunhavam à porta da universidade. Em declarações à Agência Lusa, Alexandra Silva, estudante brasileira a tirar um doutoramento em Coimbra disse que esta era a forma dos cerca de 15 estudantes brasileiros "e alguns portugueses" mostrarem a sua preocupação com a construção daquela barragem.
"Estamos preocupados com os impactos ambientais que especialistas consideram irreversíveis", disse. Alexandra Silva lembrou que aquela barragem "viola direitos indígenas e direitos ambientais" e lamentou que esteja a ser construída depois de "mais de 30 anos de luta por parte dos movimentos indígenas".
A Lula da Silva os estudantes conseguiram entregar um panfleto onde expõem os motivos do protesto. Por seu lado, a presidente Dilma Rousseff, foi recebida com gritos de que "água e energia não são mercadoria".

Fonte: Jornal DN Portugal

Geração de empregos: um Belo Monte de mentiras


Em matéria impressa na edição de domingo, dia 27/03/2011, o jornal O Liberal, um dos três de maior circulação no estado do Pará, prestou um desserviço ao jornalismo. Ou melhor: ao povo paraense. O Liberal mentiu. Na realidade, reproduziu uma mentira, seguidamente contada pelo Governo Federal e por aqueles que defendem a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte: a de que o projeto de barramento do Rio Xingu vai gerar milhares de empregos e contribuir para o desenvolvimento da região de Altamira e municípios vizinhos.
A conta é simples de se fazer, segundo os próprios dados do Governo. O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA estimam que 96 mil pessoas sejam atraídas para Altamira e região, ao longo do período das obras. Entretanto, o mesmo estudo afirma que “no pico das obras, deverão ser gerados mais de 18 mil empregos diretos e cerca de 23 mil indiretos”, totalizando a abertura de 41 mil postos de trabalho.
Qualquer criança que tenha aprendido as operações básicas da matemática pode fazer essa subtração: 96 menos 41 é igual a 55. Ou seja, a hidrelétrica de Belo Monte vai gerar 55 mil desempregos. Isso nas contas do próprio Governo e das três empreiteiras que fizeram o EIA/RIMA (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht), e se levarmos em consideração os números conservadores dos defensores da UHE Belo Monte, porque alguns críticos falam em mais de 150 mil pessoas se deslocando para o Xingu, em busca de um novo eldorado.
Com medidas “para diminuir e compensar as alterações negativas” causadas pela construção do Belo Monstro, o EIA/RIMA propõe um conjunto de planos, programas e projetos. Sem entrar no mérito se tais propostas trarão soluções reais aos problemas causados, vamos nos deter em dois dos objetivos do Programa de Orientação e Monitoramento da População Migrante, que são “orientar a população migrante sobre as reais possibilidades de emprego” e “apresentar as características do empreendimento à população migrante para que esta possa avaliar as possibilidades existentes e decidirem se vão permanecer ou não na região”.
As obras já começaram, ignorando as leis e os pareceres técnicos assinados pelos servidores públicos. E são os agentes que o próprio Estado nomeia e paga, e que colocam em funcionamento a máquina estatal. É o Estado passando por cima do próprio Estado, para beneficiar terceiros. Mas, onde está o Programa de Orientação? Onde está o acompanhamento da “evolução do número de pessoas atraídas para a região”? Como os municípios poderão se planejar sem essas informações? Esse Programa está previsto no EIA/RIMA, mas não saiu do papel.
Dizia o modelo neoliberal, sepultado após a crise internacional de 2009/10, que a “sociedade” deveria cumprir os deveres do Estado naquilo que lhe fosse de interesse. Se aplicarmos essa lógica, a imprensa privada poderia tomar do Estado o sagrado dever de informar a população. Esta louvável atitude, de prestar informação, poderia ter sido a origem da reportagem publicada em O Liberal. Ora, se o Estado não exige da Norte Energia SA – NESA o cumprimento do Programa de Orientação do EIA/RIMA, a dita “sociedade” deve requerer e exercer essa ação. E assim foi feito.
Apenas um detalhe: O Liberal faltou com a verdade. Assim, ao invés de ajudar a “orientar e população migrante sobre as reais possibilidades de emprego”, o jornal criou uma falsa expectativa, baseada em especulações, com o claro intuito de mascarar a realidade e tornar o empreendimento de Belo Monte mais palatável.
Na capa do jornal de domingo, em uma posição de destaque, no canto superior esquerdo, ao lado da bela fotografia de um cartão-postal de Belém, o mercado do Ver-o-Peso, flertando com o pôr-do-sol sobre as águas da Baía do Guajará, lê-se a chamada: “Empregos. Belo Monte vai pagar salários de até R$ 4 mil”. Uau! Que efeito mais atraente: uma bela imagem, um belo emprego, um belo salário e... um belo monte de mentiras.
Um crítico poderia exclamar: “Não é mentira! O salário do engenheiro é de R$ 4.049,00!”. De fato. Pelo menos uma, das 64 modalidades de emprego, confere com o título da reportagem. Mas, no imaginário do leitor desatento, ficará a idéia de que a maioria, ou boa parte, das ofertas de trabalho pagará salário semelhante. Ora, por que falar do salário de R$ 625 do contínuo? Ou dos R$ 711 do office-boy? Ou dos R$ 975 do carpinteiro? Por que colocar em evidência os salários mais baixos, responsáveis pela imensa maioria dos postos de trabalho a serem abertos? Não! Isso não é atraente. Mas o Programa de Orientação diz para esclarecer sobre as características do empreendimento...
Bem, depois de criar uma enorme ilusão sobre salários de R$ 4 mil, surge uma nova chamada, na parte superior da página oito: “Emprego não será problema em Belo Monte.” Contrariando as conclusões do EIA/RIMA, que afirma a ocorrência de uma demanda por empregos duas vezes maior que a oferta, O Liberal induz o seu leitor a acreditar que haverá uma enxurrada de empregos sendo distribuídos em Altamira. E com salários de R$ 4 mil.
Finalmente, na página 13 (sem duplo sentido), para êxtase dos sem-emprego, em letras garrafais, o título: “Belo Monte abre temporada de emprego”. A impressão que se tem é que a NESA já está contratando os trabalhadores para a construção da usina. O jornal monta uma sequência de mentiras que culminam com uma convocatória implícita e irresponsável para que as pessoas se desloquem para o Xingu à procura de emprego. Em termos matemáticos, a equação ficaria mais ou menos assim: salário de R$ 4 mil + fartura de empregos + contratação imediata = corram para Altamira.
Antes de comprar sua passagem, a prudência aconselha a ler a reportagem completa. Em suas linhas e, principalmente, suas entrelinhas. É nesse momento que a mentira começa a ser desconstruída. Um colorido quadro mostra como serão os salários pagos em Belo Monte. É quando se percebe que em 26% daquelas 64 profissões citadas na primeira página do jornal, o salário não é informado; que em 30% o salário atinge, no máximo, R$ 1.000 e em outros 33%, limita-se entre R$ 1.000 a R$ 2.000. Apenas duas profissões (3% do total) terão salários acima de R$ 3.000.
E pior: descobre-se que aquela lista de empregos não foi criada pela Norte Energia. É apenas uma simulação do que poderá ocorrer no canteiro de obras. É uma informação coletada junto a um sindicato de trabalhadores e a um desconhecido Banco Nacional de Salários, sobre as médias salariais de determinadas profissões. Ou seja: é pura especulação de O Liberal, mostrando seu descompromisso em “orientar a população migrante”.
As manchetes são tão tendenciosas, que sequer levam em consideração a parte final da própria reportagem, onde o presidente do Conselho Regional de Economia teria dito que “não será possível garantir trabalho a todos, pelo número limitado de vagas e pela falta de preparo para ocupar os postos de trabalho abertos”. E conclui informando que Altamira já conta com 20 mil desempregados, sobre uma população de 100 mil habitantes.
Essa postura faz parte da estratégia adotada pelo Governo Federal, de transformar a construção da UHE Belo Monte em fato consumado, e dessa forma garantir que suas decisões, ao arrepio da lei, não sejam questionadas ou modificadas. E ainda manipula aqueles que estão desempregados, iludindo-os com promessas vazias de bons salários, criando um clima de confronto com os movimentos sociais que lutam contra a construção da barragem.
Os redatores do jornal agem como recrutas em uma guerra sem quartel, onde o inimigo a ser combatido é o cidadão comum, que precisa ser bombardeado com desinformação, para aceitar as imposições de um grupo de burocratas e empresários que tomaram de assalto o Planalto Central e buscam legislar, governar e julgar em causa própria.
Programa de Orientação? Monitoramento da população? Informação? Ora... belo monte de baboseiras.                                 

Fonte: Mauricio Santos Matos*
Servidor público estadual, membro do Comitê Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre / Belém                                                                                                                                                                                                                            

Todas PCH's em MT são ilegais, afirma presidente da CPI


As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH's) foram instaladas ilegalmente em Mato Grosso ferindo o artigo 279 da Constituição Estadual, o qual prevê que a construção de centrais termoelétricas e hidroelétricas dependerá da aprovação da Assembleia Legislativa, fato que não ocorreu. A avaliação é do presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das PCH', deputado estadual Percival Muniz (PPS).

O socialista avaliou que ou será necessário rasgar a Constituição Estadual ou anular todas as concessões às PCH's. "O que posso afirmar é que todas as hidroelétricas abaixo de 30 megawatts (PCH's) estão ilegais e nem sei como consertar isso, nem quais são as penas ou procedimentos que poderão ser tomados. Isso para mim é novo e inusitado", declarou Muniz, logo após instalar oficialmente a CPI.

O parlamentar recebeu a informação sobre a ilegalidade do deputado Sérgio Ricardo (PR), membro da comissão. O republicano informou que apenas 12 das 154 usinas existentes em Mato Grosso tiveram a aprovação da Assembleia Legislativa. O parlamentar explicou que este levantamento foi feito por meio da Comissão de Meio Ambiente, a qual preside.

Outro ponto que chamou a atenção é o crescimento considerado exagerado, de mais de 1000%, do setor energético em Mato Grosso nos últimos 10 anos. O relator da CPI, deputado Dilmar Dal Bosco, preferiu não polemizar e disse que "é preciso analisar o porquê e não há quem pertence".

Dilmar informou ainda que já recebeu três denúncias relacionadas a favorecimento, ilegalidades e até uso de laranjas. Como relator, irá juntar todos os documentos sobre a concessão de licenças de exploração de PCH's para dar início aos trabalhos.

Segundo Dal Bosco, serão convidados membros do Ministério Público Estadual, técnicos da rede Cemat e até professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para auxiliar na elaboração do relatório.
Fonte: www.refugiozumbis.blogspot..com

Pela suspensão dos financiamentos do BNDES a obras que violam os direitos dos trabalhadores

Nos últimos dias, uma série de violações dos direitos mais elementares dos trabalhadores em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) têm sido noticiadas pela imprensa: na construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira; na construção da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco; e na termelétrica de Pecém, no Ceará. Apesar destes direitos trabalhistas estarem consolidados em lei, as suas recorrentes violações não fizeram com que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), maior financiador das obras do PAC, suspendesse os financiamentos a essas polêmicas obras. Além disso, o Banco continua a não submeter os critérios de aprovação aos financiamentos e o monitoramento de contratos ao debate público e à fiscalização.

Em setembro de 2008, uma carta do GT Hidrelétricas da Plataforma BNDES dirigida ao banco já alertava para os graves riscos dos projetos energéticos no Rio Madeira e demandava a suspensão do crédito até que as dúvidas fossem sanadas. Dentre os riscos financeiros, ambientais e legais, a carta alertava para “a bomba demográfica e social a eclodir na região em função da constituição de um pólo de atração migratória” e solicitava a abertura de um canal de diálogo com a população afetada pelos empreendimentos, além de informações sobre o tratamento dado pelo banco aos passivos sociais e ambientais gerados por seus financiamentos para a construção de hidrelétricas.

Desde a sua criação, a Plataforma BNDES tem demandado do Banco iniciativas que confiram transparência aos seus financiamentos de modo que a opinião pública e as populações atingidas possam conhecer e incidir sobre os critérios que definem a tomada de decisão e a avaliação dos empreendimentos apoiados.

Apesar de ter respondido à solicitação da Plataforma com a criação de uma “Janela de Transparência”, o acesso à informação ainda é muito restrito e seletivo.

Neste momento, torna-se explícito como a transparência da atuação do BNDES - maior banco de fomento do Brasil e um dos maiores do mundo - é fundamental, já que o Banco tem financiado empreendimentos que violam gravemente os direitos dos trabalhadores, além de muitas outras violações. Estes recentes acontecimentos evidenciam que o BNDES precisa divulgar publicamente os critérios que utiliza para conceder seus financiamentos e para monitorar o andamento das obras.

No dia 23 de fevereiro, vinte dias antes de começarem as mobilizações dos trabalhadores de Jirau e Santo Antônio, uma equipe técnica do Banco visitou as obras e fez uma avaliação positiva do empreendimento. A visita foi noticiada por um jornal local: “Equipe técnica do departamento de energia elétrica do órgão avaliou positivamente a construção do empreendimento. Equipe formada por técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) acompanhou na quarta-feira, 23, o andamento das obras na Usina Hidrelétrica Jirau e Nova Mutum Paraná. O diretor Administrativo e Financeiro da Energia Sustentável do Brasil, Paulo Mantuano, recepcionou o grupo de engenheiros, economistas e advogados do órgão (...) “Trimestralmente acompanhamos o empreendimento através de relatórios, avaliamos o andamento físico e financeiro do projeto, ações socioambientais e obrigações contratuais”.1

Importa lembrar ainda que no início de 2008 o Banco anunciou em seu site eletrônico a criação de Cláusulas Sociais, que, dentre outros aspectos, prevêem a suspensão ou exigência pelo Banco do vencimento antecipado do contrato de financiamento, mediante constatação de desrespeito à legislação que trata do combate à discriminação de raça ou de gênero, ao trabalho infantil e ao trabalho escravo ou de eventuais práticas criminosas em projetos financiados pela instituição.2 No entanto, a falta de transparência impede que a opinião pública exerça qualquer tipo de controle social sobre as regras, políticas e cláusulas sociais criadas pelo próprio Banco.

Diante disso, as organizações e movimentos sociais que integram a Plataforma BNDES, demandam:

  1. A imediata suspensão dos desembolsos do BNDES para os consórcios responsáveis (Energia Sustentável do Brasil - Suez, Camargo Côrrea, Eletrosul e Chesf; e Santo Antônio Energia - Odebrecht, Furnas, Cemig, Andrade Gutierrez, Santander e Banif) pelas obras das Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, até que todas as demandas dos trabalhadores sejam atendidas e as cláusulas sociais respeitadas;

  1. Uma prestação de contas detalhada dos recursos liberados pelo BNDES e utilizados pelos consórcios até o momento e a publicização desta pelo BNDES;

  1. A instalação de uma Auditoria Pública para investigar a aplicação dos recursos que já foram liberados pelo BNDES para estas duas usinas;

  1. A realização de uma missão permanente do BNDES na região, que tenha como objetivo promover oimediato diálogo com as organizações sociais, de atingidos e de trabalhadores e buscar as devidas soluções para os problemas decorrentes da instalação dos projetos;

  1. A liberação imediata de recursos para a implementação de uma política de recuperação das comunidades e municípios atingidos pelas obras de Jirau e Santo Antônio, com controle social, onde os recursos devam ser planejados, controlados e aplicados prioritariamente em questões sociais, especialmente para os trabalhadores e populações atingidas;

  1. Que o BNDES divulgue em sua página na internet os relatórios de acompanhamento do andamento físico e financeiro dos projetos financiados, ações socioambientais e obrigações contratuais previstas nos contratos, começando pelas Usinas de Jirau e Santo Antônio;

  1. A definição de políticas de Transparência e Controle Social, de modo a contribuir para que o acompanhamento dos desembolsos em investimentos públicos em infra-estrutura sejam de domínio público, e para que haja maior rigor quanto ao cumprimento das metas estabelecidas nos contratos de crédito;
  1. Que o governo brasileiro responda aos questionamentos formulados pelo governo da Bolívia sobre os impactos transfronteiriços gerados pela construção das represas de Jirau e Santo Antônio.


Reforçando o nosso compromisso de luta por uma sociedade justa, solidária e igualitária, em que, necessariamente, os financiamentos públicos são orientados para a eliminação das desigualdades sociais – e não o contrário - , aguardamos um retorno o mais rápido possível.


                                                                                                  Plataforma BNDES, 29 de março de 2011

Fonte:Gabriel Strautman*

*Gabriel Strautman é economista do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), integrante da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais e da Rede Jubileu Sul.
                                    

terça-feira, 29 de março de 2011

A peãozada deu uma lição aos comissários

Nutridos pela Viúva, os comissários acharam que conversa de peão era coisa de pobre, e acabaram atropelados


REAPARECEU NO MEIO da mata amazônica, dentro do canteiro de obras da Camargo Corrêa, o eterno conflito dos trabalhadores da fronteira econômica com as arbitrariedades e tungas a que são submetidos por grandes empreiteiros, pequenos empresários, gatos e vigaristas.

Num só dia, incendiaram-se 45 ônibus e um acampamento na obra da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. Em poucos dias, a peãozada zangou-se também nos canteiros de Santo Antônio (RO), nas obras da Petrobras de Suape (PE) e em Pecém (CE). Ocorreram problemas até em Campinas (SP). Estima-se que entraram em greve 80 mil trabalhadores da construção civil. Esse setor da economia emprega 2,4 milhões de brasileiros.

Do nada (ou do tudo que fica escondido nas relações de trabalho nos acampamentos), estourou um dos maiores movimentos de trabalhadores das últimas décadas. Sem articulação, redes sociais ou ativismo político, apanhou o governo de surpresa. Assustado, ele mandou a tropa da Força Nacional de Segurança. Demorou uma semana para que o Planalto acordasse.

Numa época em que os sindicalistas andam de carro oficial, o representante da CUT foi a Rondônia com um discurso de patrão, dizendo que os trabalhadores não podiam parar uma obra do PAC. (Essa mesma central emitiu uma nota condenando o bombardeio da Líbia.)

Paulo Pereira da Silva, marquês da Força Sindical, disse que nenhuma das duas grandes centrais está habituada a lidar com multidões. De fato, nas obras de Jirau e Santo Antônio juntam-se 38 mil trabalhadores. Há sindicatos na área, mas eles mal lidam com as multidões dos associados. Disputam sobretudo o ervanário de R$ 1 milhão anual que rende a coleta do imposto sindical da patuleia.

As lideranças políticas e sindicais nascidas no rastro dos movimento de operários do final dos anos 70, quando pararam 200 mil trabalhadores no ABC por conta de um barbudo chamado Lula, mudaram de andar. Preocupados com a distribuição de cargos e de Bolsas Ditadura, esqueceram-se dos sujeitos que precisam da cesta básica.

Não perceberam que as mudanças sociais ocorridas no país haveriam de chegar aos alojamentos dos peões das grandes obras.

Ou as grandes empreiteiras se dão conta de que devem zelar pela qualidade e pelo cumprimento de seus contratos trabalhistas, ou marcas como a da Camargo Corrêa, da Odebrecht e da OAS ficarão marcadas pelas patas dos gatos que entram no recrutamento de seus trabalhadores.

Entre as reivindicações de Santo Antônio estava a instalação de banheiros exclusivos para mulheres. Alô, doutora Dilma.

Nenhuma dessas empresas foi fundada por um empreendedor genial nem tentou um empreendimento de ambição comparável à Fordlândia. Foi na matas da Amazônia que, no século passado, Henry Ford atolou seu projeto de extração e industrialização da borracha.

Maus modos, incompreensão e complexo de superioridade resultaram numa revolta que destruiu boa parte das instalações do empreendimento. Isso em dezembro de 1930. (As grandes empreiteiras deveriam obrigar seu diretores a ler "Fordlândia", do professor americano Greg Grandin.)

Felizmente os tempos mudaram, e a Força Nacional de Segurança disparou balas de borracha. Em 1996, diante dos sem-terra de Eldorado do Carajás, a PM paraense disparou tiros de verdade e matou 19 pessoas.

Fonte: Xinguvivo.blogspot.com

Cadê o social do BNDES? Entrevista com Gabriel Strautman








O economista Gabriel Strautman é enfático ao criticar o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES às grandes obras de infraestrutura no país e, principalmente, os megaeventos planejados para acontecerem no Brasil nos próximos anos. A principal questão levantada por Strautman na entrevista que concedeu à IHU On-Line por telefone é a falta de transparência do banco quanto aos projetos que ele financia, tanto no que diz respeito aos juros aplicados quanto aos métodos de avaliação dos projetos aprovados. “O BNDES tem buscado fazer com que as indústrias que ele apoia se transformem em empresas orientadas para a globalização, com capacidade de disputar mercados globais. Portanto, não estamos falando de diversificação da economia doméstica, de maior integração regional dentro do país”, relatou.
Gabriel Strautman é economista formado pela Universidade de Brasília e mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente, é o secretário executivo da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Qual é o papel do BNDES no setor produtivo brasileiro de hoje? O banco tem cumprido seu papel social?
Gabriel Strautman – Não, ele não tem cumprido um papel social. O nome do bando é Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Embora incorpore o social na sua sigla, ele tem focado só no plano econômico. E tem agido num só sentido de desenvolvimento econômico que não privilegia um projeto de sociedade e economia redistributiva que reduza as desigualdades no Brasil. O BNDES hoje cumpre cada vez mais um papel importante no financiamento da política industrial brasileira e financia uma política econômica voltada apenas para o crescimento da economia a despeito dos direitos da população, da necessidade da redução das desigualdades e do cuidado e do zelo ao meio ambiente do Brasil.
IHU On-Line – Podemos dizer que o BNDES se tornou, nos últimos anos, o principal banco financiador dos grandes projetos no Brasil?
Gabriel Strautman – Certamente, e não apenas no Brasil como também na América Latina. O BNDES, desde 2003, se tornou uma ferramenta central no financiamento do desenvolvimento do Brasil, desbancando antigas instituições financeiras multilaterais como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no papel de principais atores do financiamento do desenvolvimento. Isso, obviamente, do ponto de vista dos bancos.
“O BNDES a partir do governo Lula se tornou
o segundo maior banco de desenvolvimento do mundo”
O BNDES a partir do governo Lula se tornou o segundo maior banco de desenvolvimento do mundo. Ele supera os financiamentos do BID e do Banco Mundial somados na América Latina. Então, o BNDES hoje está por trás dos grandes projetos energéticos, como as usinas hidrelétricas dos rios Madeira, Jirau e Santo Antônio, assim como o questionável projeto de Belo Monte. Além disso, está por trás dos principais projetos destruidores do meio ambiente do Brasil. Entre seus financiados ainda estão a Companhia Siderúrgica do Atlântico e a Vale. Hoje, o BNDES está preparado também para financiar a construção de seis usinas hidrelétricas na Amazônia Peruana.
IHU On-Line – Luciano Coutinho, presidente do BNDES, diz que muitos dos investimentos que o banco tem feito evitam, em diversos casos, que as empresas beneficiadas quebrem. O que seria da economia brasileira atual sem o BNDES?
Gabriel Strautman – Não há dúvida que o BNDES é uma ferramenta importante para o desenvolvimento da nossa economia. Mas o que questionamos é porque o banco financia um projeto tão polêmico quanto Belo Monte e não incentiva o avanço da pequena indústria, por exemplo? E mais do que isso: Por que o BNDES não apoia o desenvolvimento da economia solidária? Não há dúvida de que o BNDES é um ator importante no desenvolvimento econômico do país. Ponto. Mas ele precisa financiar outras coisas e não apenas os projetos cuja viabilidade econômica é questionável.
IHU On-Line – Como o senhor avalia a forma como as empresas se utilizam dos financiamentos promovidos pelo banco?
Gabriel Strautman – A estratégia do BNDES no apoio às indústrias no Brasil se dá de maneira concentrada e problemática. Isso porque não existe transparência na maneira como ele apoia esses projetos. Por exemplo: o banco, quando analisa um projeto como Belo Monte ou a própria Vale, não diz para a sociedade brasileira como faz essa avaliação; ele não apresenta como classifica esses projetos e empresas quanto ao risco ambiental; e não mostra a taxa de juros com a qual ele subsidia os financiados.
O BNDES não tem transparência. O banco sempre alega sigilo bancário para não repassar essas informações. E justamente por isso não temos elementos para entender a forma como o BNDES trata essas empresas e projetos. E isso demonstra que o banco trata de maneira privilegiada um pequeno grupo de grandes empresas que recebem verba do tesouro nacional a partir da emissão de títulos da dívida pública brasileira. Ou seja, são todos os brasileiros e brasileiras que beneficiam empresas concentradoras da atividade econômica e causam grandes impactos na vida das pessoas e também do meio ambiente.
IHU On-Line – Em relação à Copa do Mundo de Futebol de 2014, como avalia o apoio que o BNDES tem dado às obras produzidas para esse evento?
Gabriel Strautman – Com base nisso tudo que acabei de falar, que olhamos para a atuação do banco no que diz respeito aos financiamentos dos megaeventos e levantamos uma série de questionamentos. Quando olhamos o que o BNDES está fazendo, percebemos que ele está preparado para dar um apoio de 4,8 bilhões de reais apoiando ações de infraestrutura urbana, mas também na reforma de estádios.
Em termos de arenas esportivas, a nossa questão é a seguinte: em várias cidades questiona-se a construção de novos estádios quando o que poderia ser feito era justamente a reforma de arenas antigas. E o BNDES não explicita as razões pelas quais ele preferiu apostar na construção de uma nova arena em vez de reformar uma que já existe. Como o banco não tem transparência, não temos dados suficientes para cobrar esse tipo de questão.
No Rio de Janeiro vai ser construída uma grande via urbana que vai ligar a Tijuca ao aeroporto internacional da cidade. Ora, quando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) defenderam da Copa do Mundo de Futebol e dos Jogos Olímpicos eles falaram que as Olimpíadas trariam benefícios para a cidade e para o conjunto da sociedade como um todo. Então, por que apenas ligar uma zona da cidade que já é conhecida pela valorização imobiliária com o aeroporto internacional? Estamos falando que só uma parte da cidade pode receber melhoras em termos de infraestrutura urbana? Essas questões também valem para a Caixa Econômica Federal, que vai financiar todo tipo de mobilidade urbana necessária. Por que não consultaram a população como um todo? Por que só as intervenções defendidas pelo COB e CBF foram levadas adiante? É dinheiro público que estão usando!
O discurso do Sr. Carlos Arthur Nuzman e do Sr. Ricardo Teixeira, quando esses eventos foram anunciados para o Brasil, era de que as duas iniciativas seriam financiadas com dinheiro privado. E agora vemos que 98,5% do dinheiro que vai financiar as iniciativas para a Copa e para as Olimpíadas é público.
IHU On-Line – Quem sai beneficiado dessa aliança entre o BNDES e os megaeventos como a Copa e as Olimpíadas?
Gabriel Strautman – Em primeiro lugar, todo mundo que está associado a esse projeto. Comitê Olímpico Internacional (COI), Federação Internacional de Futebol (Fifa), CBF e COB, esses senhores que se intitulam donos dos jogos, são os principais responsáveis por se capitalizarem nessa história. São eles que fazem contratos com as grandes empresas apoiadoras, seja do campo imobiliário seja as principais empresas de marketing esportivo. É um punhado de grandes empresas, tais como Odebrecht e Camargo Correa.
IHU On-Line – A princípio, a Copa do Mundo vai custar 17 bilhões de reais, enquanto isso se gasta 13 bilhões de reais com o Bolsa Família por ano. Como vê as cifras da Copa quando colocadas frente a frente com projetos que foram tidos como prioritários pelo governo?
Gabriel Strautman – A Dilma deu uma declaração em que afirmou que os investimentos para a Copa podem chegar a 33 bilhões de reais. Precisamos fazer esse e ainda outros cálculos como: quanto se gasta com reforma agrária no Brasil por ano? Quanto é o salário de um professor do Ensino Médio das principais cidades brasileiras? Com o dinheiro que vai ser gasto com a Copa do Mundo de futebol quantos professores poderiam ser contratados e qual salário poderia ser pago com isso? Essas comparações são urgentes!
O Brasil só tem privilegiado grandes projetos de infraestrutura e sempre com o discurso que isso vai desenvolver a economia, que vai gerar emprego. Esse mesmo discurso vale para os megaeventos. “Os megaeventos vão trazer investimentos internacionais”… “Empregos serão gerados”. Só que são empregos que vão ser gerados até o fim da Copa. E depois? Além disso, serão empregos gerados de maneira precária, ou seja, a maioria será terceirizada com menos direitos trabalhistas. É preciso que se diga isso.
Por outro lado, se investimentos de longo prazo forem feitos, como reforma agrária, educação, mobilidade urbana, acesso às cidades, avanços de direitos, a sociedade poderá ter acesso a direitos permanentes. Acabamos ficando presos em uma espécie de armadilha e num ciclo vicioso preso numa ilusão de que esses projetos de curto prazo trarão benefícios de longo prazo.
No dia em que o povo brasileiro perceber que o valor de uma entrada de partida de futebol será tão cara que, com o seu salário, não será possível comprar o ingresso para o jogo, aí perceberão que a Copa do Mundo não é um evento popular.
IHU On-Line – Qual é o papel do BNDES na formação do capitalismo brasileiro ao longo das últimas décadas?
Gabriel Strautman – O BNDES vai fazer 60 anos em 2012. Até 2003 ele tinha um papel importante de financiamento da indústria, mas esse papel passou a ser muito mais relevante depois de 2003. Ele foi responsável, na ditadura particularmente, por financiamentos de grandes projetos, assim como faz hoje. A diferença é que até 2003 os megaprojetos recebiam mais dinheiro do Banco Mundial. Só que isso não é suficiente.
Além disso, o BNDES tem buscado fazer com que as indústrias que ele apoia se transformem em empresas orientadas para a globalização, com capacidade de disputar mercados globais. Portanto, não estamos falando de diversificação da economia doméstica, de maior integração regional dentro do país… Por isso, é preciso lutar para que o BNDES se democratize e isso começa pela pressão por maior transparência em relação aos dados do banco.
IHU On-Line – Como o senhor vê o funcionamento da Plataforma BNDES? Esse grupo tem sido ouvido e respeitado pelo banco?
Gabriel Strautman – A Plataforma BNDES é uma experiência muito importante porque ela parte de um trabalho que já era feito pelo Banco Mundial e começa a aplicar numa instituição brasileira. O BNDES precisa ser uma instituição mais democrática. A Plataforma BNDES começou a questionar isso tudo em 2007, construiu um documento muito interessante que não fica apenas na crítica ao banco, mas avança no sentido de alternativas para o BNDES e, a partir disso, instala um processo de diálogo com o banco. Como é um banco que não tem cultura de participação de acesso às informações, ele não apostou no diálogo com a Plataforma BNDES.

Fonte: Ecodebate

Uso da força em Belo Monte

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Fonte: Telma Monteiro

segunda-feira, 28 de março de 2011

Além de Jirau, revolta de operários afeta outras duas grandes obras do PAC


A exemplo do que ocorreu nas obras da usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, trabalhadores de outras duas obras importantes, também financiadas com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), se revoltaram contra os consórcios construtores dos empreendimentos. Operários que trabalham na construção da usina termelétrica de Pecém, no Ceará, e da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, paralisaram as obras e exigem melhores condições de trabalho para voltarem à ativa.

Em Jirau, a revolta --iniciada após uma briga entre funcionários na quarta-feira passada (16)-- terminou com 100 ônibus queimados, outros 40 danificados, além de toda a infraestrutura de um dos dois canteiros destruída. Mais de 10 mil trabalhadores tiveram que deixar a obra, que está paralisada. Os operários se queixam das condições de trabalho oferecidas na obra e exigem aumento salarial. O consórcio ESBR (Energia Sustentável do Brasil) nega as denúncias e diz que a destruição foram atos de puro vandalismo.

Nas obras da usina de Pecém, os trabalhadores incendiaram e destruíram completamente, na terça-feira passada (15), seis dos 15 alojamentos, situados na comunidade de Lagoinha, no município de São Gonçalo do Amarante.

Aproximadamente 6.000 trabalhadores estão paralisados e pretendem manter a greve pelo menos até quinta-feira (24), quando será realizada uma nova reunião entre a categoria e o consórcio Mabe, formado pelas empresas EDP e MPX --a primeira reunião ocorreu na quinta passada.

Hoje, uma manifestação com cerca de 5.000 funcionários foi realizada em frente à obra. Dezenas de policiais militares estão no local monitorando os manifestantes. O sindicato dos trabalhadores (Sintepav) afirma que não lidera o movimento grevista e não incentivou a paralisação, embora concorde com as exigências.

A entidade, no entanto, entregou ao consórcio uma lista com 35 reivindicações dos trabalhadores, que incluem reajuste salarial de 20%, melhoria na qualidade das refeições e unificação dos salários dos funcionários de montagem no Nordeste.

O consórcio afirma, no entanto, que só negocia quando os trabalhadores voltarem ao serviço, condição rejeitada pela categoria, que espera uma posição da empresa. O Tribunal Regional de Trabalho (TRT-CE) considerou a paralisação ilegal por não ter sido formalizada e convocada com antecedência.

A usina de Pecém, que integra o complexo portuário de mesmo nome, terá capacidade instalada de 720 megawatts e aumentará em 90% a capacidade de produção de energia do Ceará. Se a obra não atrasar, a primeira turbina deverá entrar em funcionamento no terceiro trimestre deste ano, e a segunda, no quarto trimestre. Uma das mais importantes obras financiadas pelo PAC, a usina terá custo total de R$ 2,6 bilhões.

Refinaria de Abreu e Lima

Diferentemente do que ocorreu em Pecém e em Jirau, não houve quebra-quebra durante a revolta dos trabalhadores nas obras de construção da refinaria de Abreu e Lima, que integra o complexo portuário de Suape, em Pernambuco. No entanto, aproximadamente 3.000 funcionários estão paralisados desde a última sexta-feira (18), segundo o Sindicato da Indústria da Construção Pesada (patronal), que é contrário ao movimento grevista.

Os operários já haviam paralisado por 15 dias entre fevereiro e o início de março deste ano, mas decidiram voltar ao serviço após acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT). A categoria decidiu paralisar novamente, alegando que as negociações não avançaram. Eles exigem que o consórcio Conest, formado pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, pague 100% de horas extras aos sábados --ante aos 80% recebidos atualmente --e eleve o vale-alimentação para R$ 300, contra os R$ 130 atuais.

Nesta terça, os trabalhadores bloquearam um trecho da estrada que dá acesso às obras. Uma audiência agendada para hoje, no MPT, foi suspensa.

Até o final do ano passado, as obras consumiram R$ 6,5 bilhões de recursos do PAC. Se não atrasar, a refinaria começará a operar em 31 de dezembro de 2012 e deverá ser totalmente concluída em setembro de 2014. A operação na refinaria será controlada pela Petrobras, em parceria com a PDVSA. A estimativa é que 230 mil barris de petróleo brasileiro e venezuelano sejam processados por dia.

Fonte: Uol Notícias

Sustentabilidade para empresas e desastre para povos da Amazônia

EDITORIAL DE 25.03.2011 RNA E 26.03.2011 RR

Merece alguma análise crítica o chamado Fórum Mundial de Sustentabilidade, que acontece nestes dias em Manaus. Já o título é bombástico – “Segundo Fórum Mundial de Sustentabilidade”. Lendo a frase até que chama a atenção. Aí, se confere quais os participantes do dito fórum, entre os quais estarão, a Ministra de Meio de Ambiente do Brasil, alguns empresários, alguns políticos, dirigentes de órgãos governamentais e algumas ONGs. Com tal elenco, vem a pergunta preocupante – quem vai sair ganhando como resultado do Fórum mundial de Manaus, o ambiente sustentável, ou o crescimento econômico das empresas e indústrias. O que significa para os participantes a sustentabilidade? Parece que os dois personagens estelares do encontro são ligados ao cinema de ficção. Um deles tem um filme negativamente sugestivo – “O Exterminador do futuro”. O outro cineasta é autor de vários filmes de ficção, entre os quais, “Avatar”, uma ilusão de vitória de nativos contra invasores alienígenas. 

Segundo os promotores do evento, seu objetivo é tratar do valor econômico, ambiental e social da floresta. Curiosamente, não foram convidados: organizações indígenas, movimentos sociais, que lutam contra barragens, ribeirinhos, nem sindicatos de trabalhadores rurais da região. Portanto, o fórum debaterá as questões da floresta amazônica, como fonte de lucro e comércio. A sustentabilidade parece se concentrar no equilíbrio dos lucros das empresas. Afinal, a Ministra do Meio Ambiente é a mesma que dá aval à destruição dos rios da Amazônia para garantir a construção de dezenas de hidroelétricas a serviço do crescimento econômico do Brasil.
 
Como fazer isso, sem destruir o equilíbrio ambiental e social? Talvez só no Avatarlândia. Já que o cineasta Cameron foi uma das estrelas cintilantes do segundo Fórum mundial de Manaus, pode-se imaginar que as conclusões do magno evento sejam ficção científica e já que a outra estrela cintilante é o Exterminador do Futuro, não se pode ter esperança para a Amazônia e os amazônidas. Estes terão que encontrar outra estratégia mais sustentável social e ambiental. A depender do Fórum de Manaus, sustentável mesmo serão os lucros da ALCOA, VALE, MRN e empreiteiras das hidroelétricas em construção em Jirau, Santo Antônio, Belo Monte e demais projetadas pela Eletromorte.

Fonte: Editoriais do Edilberto

Mortes em obras do PAC estão acima dos padrões


Trabalhadores estão morrendo nos canteiros de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estrela do governo federal. Num levantamento inédito feito pelo jornal O Globo, em 21 grandes empreendimentos, que somam R$ 105,6 bilhões de investimentos, foram registradas 40 mortes de operários em acidentes, desde 2008. Só nas usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, houve seis mortes.

A reportagem é de Cássia Almeida, Henrique Gomes Batista, Isabela Martin e Bruno Rosa e publicada pelo jornal O Globo, 26-03-2011.

Tanto em complexas obras de infraestrutura, como hidrelétricas, como nas mais simples, incluindo as do programa Minha Casa, Minha Vida, a morte está presente. Os acidentes fatais são causados principalmente por choques, soterramento e quedas. São mortes "invisíveis", que não estão nos bancos de dados dos diversos controles governamentais criados para acompanhar o PAC, que, até o início de 2010, era coordenado pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Somente em 2010, a taxa de mortalidade foi de 19,79 para cada cem mil empregados. Índice considerado altíssimo pelo médico Zuher Handar, consultor para segurança e saúde da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil. A taxa é mais que o dobro da registrada para o conjunto dos empregados do setor formal da economia - 9,49 por cem mil.

Os empregados da construção civil brasileira são os que mais morrem. A taxa de mortalidade está em 23,8 por cem mil trabalhadores, um pouco acima da encontrada em obras do PAC - considerada muito alta, já que são tocadas por grandes construtoras, com tecnologia suficiente para proteger os operários, dizem especialistas. Nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade na construção civil é de 10 por cem mil; na Espanha, de 10,6; no Canadá, de 8,7; em Portugal, de 18.

- Nessas grandes obras de infraestrutura, independentemente de serem do PAC ou não, o governo precisa estar mais atento, não contratando empresas que deixem de ter mecanismos de prevenção - disse Handar.

- O alto número de mortes é verdadeiro. Estamos intensificando os trabalhos e a atenção. Isso nos preocupa e buscamos as razões para esse quadro. As obras estão em um ritmo muito acelerado e as companhias não vêm treinando (pessoal), porque não há tempo para isso - afirmou Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), acrescentando que, com a carência de mão de obra, empresas têm buscado pessoas sem qualificação para trabalhar nos canteiros.

Segundo ele, o ideal é que os trabalhadores tenham de 80 a cem horas de aulas teóricas. Depois, entre cem e 120 horas práticas, nos canteiros. Só após essas duas fases, continua Safady, é que se deve entrar na obra: - Sem isso, cometem-se erros. O problema é generalizado. Há uma carência para todos os níveis de obras, e em todos os lugares do Brasil.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos 

Europa: a volta das manifestações contra os ataques aos direitos trabalhistas

                                               200 mil em Portugal: "Geração à Rasca"

Mais de 200 mil manifestantes tomaram as principais ruas das principais cidades de Portugal no último dia 12 de março. As mobilizações que contam com forte presença juvenil e não são comandadas pelos tradicionais partidos de esquerda e centrais sindicais são as maiores no país desde a Revolução dos Cravos.

 O primeiro-ministro do país, José Sócrates, do Partido Socialista Português, entregou o cargo nesta semana depois que o parlamento votou contra o plano de arrocho exigido pelos organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional. 


                                                           Milhares em Londres

Milhares de pessoas protestam neste sábado em Londres (27 de março) contra os cortes públicos propostos pelo governo britânico, no que será a maior manifestação convocada na capital desde a manifestação de 2003 contra a guerra do Iraque.

Professores, enfermeiros, membros do Serviço Nacional de Saúde, funcionários de prefeituras e outros empregados do setor público se uniram à estudantes e aposentados neste grande protesto contra as medidas de austeridade do governo.

Fonte: Blog do Cândido(Língua Ferina) 

sexta-feira, 25 de março de 2011

Mais uma greve em obras do PAC

Depois dos conflitos na usina de Jirau, em Rondônia, foi a vez da usina de São Domingos, em Mato Grosso do Sul, ser alvo de protestos de trabalhadores, na tarde desta quinta-feira (24 de março). A obra, também incluída no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), fica em Água Clara (a 250 km de Campo Grande) e começou a ser construída em junho de 2009. O investimento total é de R$ 370 milhões.

Parte dos alojamentos e instalações foi incendiada. De acordo com a PM, a confusão começou quando um segurança do consórcio responsável pela obra agrediu um trabalhador. A seguir, parte dos funcionários --são cerca de mil, no total-- incendiou alojamentos e depredou algumas instalações da usina. Cerca de 80 pessoas foram presas.

Segundo o sindicato da categoria, alguns trabalhadores reclamaram, na semana passada, de falta de pagamento de horas extras e das condições dos alojamentos. Uma vistoria foi feita no último dia 15, quando se verificou que havia problemas no esgoto dos alojamentos.

As obras foram paralisadas e ainda não há previsão de quando deverão ser retomadas. Todos os trabalhadores foram removidos para cidades próximas.

O consórcio São Domingos, formado pelas empresas Engevix e Galvão, informou que "não há registro de reivindicações por parte do sindicato" e que ainda não sabe o que motivou a rebelião.

“Pacto trabalhista”
O governo convocou para a próxima terça-feira, em Brasília, uma reunião entre o Ministério Público, as centrais sindicais e as empresas responsáveis pelas grandes obras que estão sendo tocadas no País com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a exemplo das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia. 

O Planalto estaria planejando a assinatura de um protocolo no qual as empresas se comprometam a garantir tratamento digno aos trabalhadores e assegurem seus direitos trabalhistas. 

Há uma preocupação muito grande, não só do governo como das centrais sindicais, porque, hoje entre 90 mil e 100 mil trabalhadores estão parados em várias obras, entre elas, as dos portos de Pecém (CE) e de Suape (PE), além das hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio. 


*Com informações da Folha e do Estado de São Paulo

Fonte: Blog do Cândido(Língua Ferina)

Assembléia popular sobre Hidrelétricas na Amazônia




A Frente em Defesa da Amazônia (FDA) e a União dos Estudantes de Ensino Superior de Santarém (UES) convidam toda a população de Santarém e baixo Amazonas a participar da Assembléia Popular sobre as Hidrelétricas na Amazônia - "O Capitalismo transformando nossos rios em mercadoria", que ocorrerá na próxima quinta-feira, dia 31 de março de 2011, no Salão da Escola São Raimundo Nonato – Rua 24 de outubro, Aldeia – próximo à Praça Tiradentes, com inscrição à partir das 13 horas, no local do evento.

A assembleia tem como objetivo compreender e discutir os principais impactos sociais, ambientais e culturais causados pelas usinas hidrelétricas nos rios da Amazônia, bem como definir estratégias de resistência e ações concretas dos movimentos sociais e da sociedade em geral contra as hidrelétricas na Bacia do Tapajós [estão previstas 5 usinas para o rio Tapajós]. 

Confira a PROGRAMAÇÃO do evento:
13 horas – Inscrições
14 horas – Mesa 1 – Os impactos sociais e ambientais nas Hidrelétricas de Jirau (Rondônia) e Belo Monte (Altamira)
Abertura para perguntas e debate
18 horas – Apresentação do Texto sobre a Morte decretada do Tapajós – Juan Robles
18:30 horas – Intervalo
19 horas – Mesa 2 – Estratégias de resistência e propostas – Senadora Marinor Brito, OAB, MPF, MPE e Movimentos Sociais.
Apresentação de carta e calendário de ação da Assembleia. 

Fonte: Blog da UES