sexta-feira, 19 de março de 2010

Empreiteiras querem mudanças nas regras do leilão.

Executivos das empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht estiveram no início da semana em Brasília para dizer ao governo federal que, se as condições para a licitação da hidrelétrica de Belo Monte não forem alteradas, o leilão não terá competidores.  "Se não forem alteradas algumas regras e o governo não assumir alguns riscos da obra, o leilão será esvaziado", disse um alto executivo ligado ao consórcio Camargo e Odebrecht.
O dia de ontem foi marcado por inúmeros comentários dando conta de que o consórcio formado pelas duas empreiteiras estaria fora da disputa da hidrelétrica de Belo Monte.  Houve até mesmo informações de que as duas empresas estariam se separando.  Mas o mesmo executivo que disse que, se o governo não alterar as regras, o leilão será esvaziado, negou a saída do consórcio da disputa.  "Nego peremptoriamente esse boato", disse ele, que não quis se identificar.  "Não temos nem o edital ainda, como iríamos tomar uma decisão como essa sem o edital publicado?", afirmou.
As informações desmentidas sobre a separação das empreiteiras coincidiram com a análise das novas tarifas da hidrelétrica de Belo Monte pelo Tribunal de Contas da União e foram disseminadas às vésperas da reunião extraordinária da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para aprovar o edital do leilão.  Ou seja, os comentários representaram a última chance de pressionar a agência a fazer alterações no texto do edital.
O governo já cedeu na questão da tarifa máxima.  O primeiro preço enviado e aprovado pelo TCU foi de R$ 68 por megawatt hora (MWh).  Mas como o próprio tribunal sugeriu que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) refizesse as contas, em função dos custos ambientais mais elevados que os previstos, a EPE aproveitou para corrigir a tarifa em 20%, chegando a R$ 83,00 por Mwh, atendendo parte da reivindicação das empreiteiras, que diziam que o valor original era muito baixo.
O governo recebeu a mesma pressão antes dos leilões de Jirau e Santo Antônio, as usinas do Rio Madeira.  Na época, a Odebrecht chegou a enviar uma carta, como relatado depois pelo governo, na qual afirmava que o preço de R$ 130 estimado então pela EPE para Santo Antônio era muito baixo.  O TCU ainda baixou esse preço-teto para R$ 122, mas o leilão terminou com a Odebrecht vencedora com tarifa de R$ 78, quase metade do proposto pela EPE.

Fonte: Valor Econômico - (18/03/2010)
Link:Aqui

Nenhum comentário: