sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

EDITORIAL DE 05.02.2010

Ontem, ao final do dia, quem passava pela avenida Tapajós, em Santarém, percebeu que algo especial estava acontecendo. Em frente ao escritório da IBAMA, havia uma pequena concentração de pessoas, com um carro som e algumas delas falando ao microfone aos presentes e aos passantes da orla da cidade. Alguns dos caminhantes paravam para entender o que era a concentração, outros passavam de carro e tentavam entender o motivo das pessoas ali, com uma tela de projeção de filme e alegres escutando as falas de que tinha à mão o microfone.

Quando o sol de pôs no horizonte e começou a projeção de um filme documentário mais pessoas chegaram para ver o conteúdo, que era sobre os índios do rio Xingu, manifestando indignados sua rejeição ao projeto da Eletronorte de construir uma mega hidrelétrica em Belo Monte do Xingu. Para eles, o projeto do governo federal vai destruir seu mais precioso patrimônio, o rio e a floresta de onde eles tiram sua alimentação e respeito à mãe natureza.

Certamente vários transeuntes da avenida tapajós se perguntavam sobre o significado daquela pequena concentração, que atraiu até a polícia militar e repórteres de rádio e televisão. Quem prestou a atenção deve ter compreendido que ali estavam pessoas que defendem a Amazônia, seus povos e sua biodiversidade. De fato o que ocorreu ontem ao final do dia em frente à sede do IBAMA foi uma vigília de apoio aos povos do rio Xingu e em protesto contra a arbitrariedade do governo federal que quer a qualquer custo, construir uma usina criminosa em Belo Monte, com desastres econômicos, sociais e ambientais.

Aquelas pessoas queriam, ao mesmo tempo dar um grito de alerta à sociedade santarena e do Baixo Amazonas, sobre o perverso plano do governo federal de construir mais cinco hidrelétricas na bacia do rio Tapajós. O que ocorre hoje na região do Xingu é o que em breve chegará pelo Baixo Amazonas.

O que preocupa os manifestantes da vigília de ontem é que, enquanto na região do Xingu, as organizações populares e a sociedade está organizada e reage firme contra os planos da Eletronorte, no Baixo Amazonas, são ainda bem poucos os que já tomaram consciência das ameaças e se posicionam em defesa do rio tapajós e seus povos. Ainda a maioria pensa que esses planos de grandes hidrelétricas na Amazônia, ou serão fonte de empregos e, ou não arranjam tempo para se preocupar com a ameaça.

O plano governamental da chamada geração de energia limpa é anti democrático, ignora as conseqüências desastrosas para as populações da região. O governo democrático viola direitos de povos indígenas e povos tradicionais da Amazônia. O alerta está sendo dado e a população santarena precisa compreender que as hidrelétricas são desastrosas e é urgente que se reaja e enfrente o Ministério das minas e energia antes que a desgraça seja consumada.

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